Venha ver o nascer do sol
© Geovana Styler
Na madrugada levantou para ir no banheiro, lá estava ela, parada sobre a janela do corredor, ele correu assustado até o quarto onde a viu na janela á direita, e á esquerda... em todas elas.
© Geovana Styler
Após dias sendo perseguido deu um deslize esquecendo a janela da sala aberta, permitindo que aquele espírito entrasse em sua casa. A noite ouviu barulhos altos na sala, descendo pra verificar o que era a viu na ponta do sofá olhando fixamente para ele.
— Até que enfim você acordou. — disse com uma voz horrenda e destorcida. — Não vai dizer nada? — perguntou levantando a bainha do manto vermelho-transparente que ganhara após a morte.
Pisou forte sobre assoalho de madeira de kempas, e andou até a ponta da escada.
Desesperado ele correu até o banheiro, trancou a porta e tentou pular a janela, mas assim que a abriu deu de cara com a mulher. O susto fez com que ele se desequilibrasse e caísse batendo com a cabeça na quina da pia.
Depois de acordar atormentado ele decidiu ir à cozinha beber um pouco de água para acalmar os ânimos. No caminho ele percebeu manchas de sangue no chão e sua cabeça doía. Pisou forte sobre assoalho de madeira de kempas, e andou até a ponta da escada.
Desesperado ele correu até o banheiro, trancou a porta e tentou pular a janela, mas assim que a abriu deu de cara com a mulher. O susto fez com que ele se desequilibrasse e caísse batendo com a cabeça na quina da pia.
Nem bem acabara de chegar lá percebeu uma fumaça subir misteriosamente por todo o ambiente.
— O que é isso?
Virou-se para a saída e deu de cara com a figura de sua fúnebre vítima.
— Raquel, sai daqui! Vai embora! — disse assustadoramente desesperado.
— Eu não vou te abandonar assim como você me abandonou, querido.
Ela foi avançando e ele foi recuando, enquanto a fumaça subia. Logo começou a tossir, sentir falta de ar, a cabeça pesada.
— Sai! Sai, sai, sai...
E apagou.
Desceu até a cozinha. Sua cabeça ainda doía e sua respiração estava abafada, decidiu tomar um copo de uísque pra relaxar. Sentou-se no sofá com o copo numa mão e um livro em outra, mas logo algo começou a incomodar-lhe, e quando ele percebeu cipós e matos subiam pelo seu corpo. Ervas daninhas, raízes e folhas o puxavam e adrentavam em sua pele. Ele gritava, se debatia, mas tais plantas selvagens tinham um poder sobrenatural, proveniente da mulher que acariciava seu rosto com um sorriso maligno pelo prazer de vê-lo acabar-se contorcido de dor.
— AAAAAAAA!
Sentia-se completamente cansado, perdera as contas de quantas vezes aquela que um dia amou e largou para morrer o perturbara durante a noite. Por falar nisso, que noite era aquela? Quantas noites se passaram? Aquela seria a mesma noite? Estava perdido no tempo, nos dias, nas horas... procurava um calendário, um relógio, não encontrava nada. Parou na frente de um espelho, exausto, baixou a cabeça, respirou fundo, e ao levantar o olhar sobre o espelho viu a mulher que se tornou um tormento em sua mente, segurava um pêndulo.
© Geovana Styler
— TIC, TAC, TIC, TAC, o sol já vai sair.
— Raquel...
Meu bem, venha ver o nascer do sol, vai ser lindo!
Ele estava paralisado.
— Não tenha medo — ela aproxima-se — vamos lá fora, a noite está tão linda.
Ela parecia tê-lo hipnotizado com seus olhos verdes sálvia, chegava cada vez mais perto e ele não recuava.
— Querido, eu só queria estar com você, mas seu medo trouxe tantas coisas ruins...
— Raquel, meu amor... é você mesma? — ele perguntou acariciando o rosto da mesma.
— Sim, sou eu. Venha comigo, vamos! — puxou pelo braço.
— O quê? — ele hesitou.
Ela se voltou para ele, percebeu que somente sob o seu olhar ele a obedeceria, caso contrário, voltaria a si e não faria o que ela pediu.
— Acho que terei que fazer isso de uma outra maneira... — aproximou-se o bastante para que seus rostos ficassem há milímetros de distância.
— Meu anjo, por que estás tão fria? Não sinto sua respiração quente. — pegou-a pela cintura.
— Porque eu sou o seu pior pesadelo! Tenha bons sonhos... — e o beijou antes que ele pudesse ter qualquer reação, tomando sua alma em um grande transtorno e confusão, possuindo instantaneamente seu ser. Ele tentou lutar, gritou, debateu-se, mutilou-se com as próprias unhas no pescoço, braços, rasgou a própria blusa, mas suas tentativas de resistir freneticamente as torturas da possessão foram vãs, logo ele já estava inerte, inconscientemente de pé, caminhando em direção ao cemitério.
O jazido, o mesmo que largou aquela mulher trancada para morrer, era o seu destino. A influência dela sobre as ações dele eram evidentes.
Havia uma árvore ao lado da capela, seus galhos debruçavam-se sobre as telhas, sua copa era grande, porém de frágil a medida que um chegando ao topo. Ele subiu nessa árvore, até os galhos mais altos e frágeis, o espírito perturbador daquela mulher apareceu e deu um empurrãozinho no galho em que ele se sustentava, fazendo-o partir-se, e, consequentemente, o homem cair, destruindo telhas velhas que cobriam aquele cubículo. Ela o observou por cima das paredes, o corpo atravessado por cacos de telhas, ferros de grades, pedaços de madeira, e apesar disso ainda estava vivo.
— Raquel...
Meu bem, venha ver o nascer do sol, vai ser lindo!
Ele estava paralisado.
— Não tenha medo — ela aproxima-se — vamos lá fora, a noite está tão linda.
Ela parecia tê-lo hipnotizado com seus olhos verdes sálvia, chegava cada vez mais perto e ele não recuava.
— Querido, eu só queria estar com você, mas seu medo trouxe tantas coisas ruins...
— Raquel, meu amor... é você mesma? — ele perguntou acariciando o rosto da mesma.
— Sim, sou eu. Venha comigo, vamos! — puxou pelo braço.
— O quê? — ele hesitou.
Ela se voltou para ele, percebeu que somente sob o seu olhar ele a obedeceria, caso contrário, voltaria a si e não faria o que ela pediu.
— Acho que terei que fazer isso de uma outra maneira... — aproximou-se o bastante para que seus rostos ficassem há milímetros de distância.
— Meu anjo, por que estás tão fria? Não sinto sua respiração quente. — pegou-a pela cintura.
— Porque eu sou o seu pior pesadelo! Tenha bons sonhos... — e o beijou antes que ele pudesse ter qualquer reação, tomando sua alma em um grande transtorno e confusão, possuindo instantaneamente seu ser. Ele tentou lutar, gritou, debateu-se, mutilou-se com as próprias unhas no pescoço, braços, rasgou a própria blusa, mas suas tentativas de resistir freneticamente as torturas da possessão foram vãs, logo ele já estava inerte, inconscientemente de pé, caminhando em direção ao cemitério.
O jazido, o mesmo que largou aquela mulher trancada para morrer, era o seu destino. A influência dela sobre as ações dele eram evidentes.
Havia uma árvore ao lado da capela, seus galhos debruçavam-se sobre as telhas, sua copa era grande, porém de frágil a medida que um chegando ao topo. Ele subiu nessa árvore, até os galhos mais altos e frágeis, o espírito perturbador daquela mulher apareceu e deu um empurrãozinho no galho em que ele se sustentava, fazendo-o partir-se, e, consequentemente, o homem cair, destruindo telhas velhas que cobriam aquele cubículo. Ela o observou por cima das paredes, o corpo atravessado por cacos de telhas, ferros de grades, pedaços de madeira, e apesar disso ainda estava vivo.
© Geovana Styler
— Raquel...
— Eu poderia ficar aqui observando você morrer, mas assim como fizeste comigo, deixarei que morra sozinho, sem nenhuma alma maldita para acompanhá-lo.
Ela foi embora, deixando ele definhando naquelas ruínas. Após a morte, a alma dele foi condenada a sentir eternamente a mesma dor que ele sentiu ao morrer naquele lugar, e assim foi para todo o sempre. Quanto à sua vítima, seu espírito estava liberto agora para seguir o seu caminho, seja ele qual for.
— Eu poderia ficar aqui observando você morrer, mas assim como fizeste comigo, deixarei que morra sozinho, sem nenhuma alma maldita para acompanhá-lo.
Ela foi embora, deixando ele definhando naquelas ruínas. Após a morte, a alma dele foi condenada a sentir eternamente a mesma dor que ele sentiu ao morrer naquele lugar, e assim foi para todo o sempre. Quanto à sua vítima, seu espírito estava liberto agora para seguir o seu caminho, seja ele qual for.
Geovana Styler e Maria Júlia dos Anjos Silva.
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